Como alterações climáticas afetam o apetite por risco das resseguradoras

Companhias reduzem exposição em riscos em setores econômicos, como de petróleo e gás. Mudança no clima estará em debate na #FidesRio2023

A decisão da gigante global de resseguros Munich Re de deixar de investir ou segurar novos negócios na área de petróleo e gás, a partir de abril de 2023, é só um dos exemplos de como a preocupação com as mudanças climáticas é um tema importante para o setor segurador em todo o mundo.

Isso sinaliza uma redução no apetite por riscos ligados a alguns setores econômicos. No caso da área de petróleo e gás, a preocupação adicional é que com mais resoluções desse tipo haja menos coberturas para riscos de petróleo no futuro e, consequentemente, aumento nos preços dos resseguros.

Fides Rio 2023

Durante a 38ª. Conferência Hemisférica de Seguros – Fides, que se realizará de 24 a 26 de setembro de 2023, no Rio de Janeiro, discussões sobre esses assuntos estarão em pauta como um dos eixos do encontro. Palestras e trocas de experiências vão apontar tendências e contribuir para o entendimento sobre como o tema afeta os negócios e as seguradoras.

“Seguros para um mundo mais sustentável” será o tema central do evento internacional que contará com a presença de representantes da indústria de seguros e resseguros de 20 países da América Latina, Estados Unidos e Espanha. 

Para lembrar

A Munich Re informou em outubro de 2022 que, a partir de abril de 2023, deixará de “investir ou segurar contratos e projetos (desde a fase do planejamento à execução) de construção de novos campos de petróleo e gás que não estejam em operação até 31 de dezembro de 2022”, incluindo-se aí nova infraestrutura de transporte e armazenamento de petróleo.

A restrição engloba ainda termelétricas movidas a óleo que não estejam em construção ou operação até 31 de dezembro de 2022, e afeta investimentos diretos, negócios de (res)seguro primário, facultativo e direto. Da mesma forma, passará a valer para riscos contidos ou agrupados em uma cobertura juntamente com outros riscos (por exemplo, campos de petróleo ou gás existentes), quando a cobertura é projetada principalmente para proteger um ou mais desses novos riscos.

Em relação ao próprio portfólio de ações e empresas de capital aberto, a resseguradora informou que deixará de realizar novos investimentos em petrolíferas. Ao passo que, a partir de 1º de janeiro de 2025, a Munich Re exigirá um compromisso confiável com emissões líquidas zero de gases de efeito estufa até 2050 nas empresas nas quais investe.

Aliança Net Zero

A expectativa é de que outras resseguradoras e seguradoras globais, sobretudo as signatárias da aliança Net Zero, deem andamento às restrições que visam baixar as emissões de gases de efeito estufa, alcançando a neutralidade em 2050. AXA, Allianz, Swiss Re são alguns dos grupos alinhados com emissões zero.

Existe um consenso de que o setor segurador está entre os maiores prejudicados pelas alterações climáticas, com desembolsos extraordinários causados por catástrofes naturais, como incêndios florestais, inundações, enchentes, secas severas, por exemplo.