Espanha e os efeitos de sua acelerada transição demográfica nos negócios

Especialista em demografia alerta sobre projeções semelhantes para os mercados latinos. Na FidesRio2023, tendências estarão em debate

A rápida transição demográfica da Espanha começa a dar sinais mais claros de seus impactos. A educação está entre as atividades mais afetadas pela forte queda da taxa de natalidade naquele país. Em 2022, uma escola pública primária de Valência, por exemplo, contentou-se em matricular apenas oito alunos na turma pré-escolar de três anos, uma situação inusitada para uma unidade que convivia com fila de espera por vagas nos anos 90. Para se ter uma ideia, em 2021 os nascimentos foram 65.178 menores que o total de 1990 na Espanha.

As atividades que estão no entorno da educação correm riscos de forte esvaziamento nesse cenário, inclusive alguns ramos de seguros, como o Educacional, de Responsabilidade Civil dos donos de escola e de Saúde, por exemplo.

As salas de aula começam a ficar cada vez mais espaçosas para os poucos alunos. Cálculos do governo espanhol dão conta de que as escolas do país deixarão de contar com mais de 700 mil alunos na faixa etária de 3 a 11 anos em 2030. Queda de 18% população escolar do ciclo infantil e primário.

O que se espera para América Latina

O recuo da taxa de fecundidade implicará na perda de 800 mil alunos entre 2022 e 2050, o que obrigará o fechamento de escolas, sobretudo em áreas rurais, a contratação de menos professores, alcançando também as faculdades de pedagogia, naturalmente. “O que acontece na Espanha agora vai acontecer também no Brasil e em toda a América Latina. A população de zero a 14 anos, que era de cerca de 10 milhões de jovens nos anos 80 na Espanha, agora caminha para ser de apenas 5 milhões, com tendência de decréscimo nos próximos anos”, prevê o demógrafo José Eustáquio Diniz Alves, especialista em estudos populacionais.

Ele diz que a inflexão da população jovem “diminui a produção de fraldas infantis, mas aumenta a de geriátricas, reduz o número de pediatras e eleva o de médicos de gerontologia”. O especialista assinala que o caso da Espanha deve ser acompanhado com lupa pelos mercados latinos, inclusive o de seguros, para antever as transformações provocadas pela transição demográfica e os efeitos diretos nos negócios. Ele também chama a atenção para esse processo em Porto Rico, onde a queda da taxa de natalidade é ainda mais aguda do que a da Espanha e o mais impactante na América Latina.

FidesRio2023

Conhecer e debater situações como essa vivida pela Espanha significa estar preparado para as tendências e as oportunidades que se abrem para o mercado segurador nas Américas e na Península Ibérica. Essa é uma das propostas da 38ª. Conferência Hemisférica de Seguros – Fides, que se realizará de 24 a 26 de setembro de 2023, no Rio de Janeiro. Estarão presentes lideranças empresariais, especialistas e autoridades de governos para discutir vários assuntos sob o tema central “Seguros para um Mundo mais Sustentável”.