Mais de 360 bilhões de tentativas de ataques cibernéticos disparam o alerta

O dado de que em 2022 houve cerca de 360 bilhões de tentativas de ataques cibernéticos aos sistemas de empresas e organizações na América Latina e Caribe coloca o tema da cyber segurança na lista de prioridades da indústria seguradora. As empresas de seguros são detentoras de dados estratégicos e, muitas vezes sensíveis, de seus segurados. Daí a atenção ter que ser redobrada quanto à segurança digital.

Por isso, entre os eixos temáticos da Fides Rio 2023, a 38ª. Conferência Hemisférica a se realizar entre 24 e 26 de setembro no Rio de Janeiro, está o debate sobre a transformação digital e a criação de produtos e soluções que garantam segurança digital. O evento internacional tem a perspectiva de reunir 1,5 mil participantes, um número recorde dentre todas as suas edições. O tema central a conferência é “Seguros para um Mundo mais Sustentável”.

De acordo com dados levantados pela CNseg (Confederação Nacional das Empresas Seguradoras), no Brasil, em termos de coberturas do risco cibernético, o valor arrecadado em 2022 foi de aproximadamente R$ 170 milhões e o total de indenizações pagas chegou a R$ 64 milhões, o que demonstra ser um ramo ainda incipiente, mas com elevado potencial de crescimento.

Ranking de países mais atacados

O levantamento sobre o total de tentativas de ataques cibernéticos no ano passado foi organizado pela empresa de soluções de cyber segurança Fortinet, com base nos dados do FortiGuard Labs. No ranking de países da América Latina e Caribe, o México liderou as tentativas com 187 bilhões, seguido pelo Brasil com o registro de 103,1 bilhões de tentativas de ataques cibernéticos, o que representou um aumento de 16% em relação ao que foi registrado no ano anterior.

A Colômbia aparece em terceiro lugar na lista de países com maior número de tentativas desse tipo de ataque com o número de 20 bilhões, seguida do Peru, com 15,4 bilhões de investidas no ano de 2022.

Países do Cone Sul

Em abril, durante os debates realizados sobre cyber segurança no âmbito da primeira Oficina Fides Brasil, em Brasília, os representantes das associações da indústria seguradora de Argentina, Paraguai e Uruguai – países que integram a região do Cone Sul e são membros da FIDES – admitiram que seus países ainda precisam avançar muito nesse tema e reconheceram a importância de se falar sobre isso, trocar experiências e investir no tema.

“Temos ainda um mercado muito pequeno nesse ramo [de seguro], com poucas apólices voltadas a cobrir o risco cibernético. Estamos alguns passos atrás”, afirmou Gustavo Trias, diretor-executivo da Associação Argentina de Companhias de Seguros. Ele comentou ainda sobre algumas ocorrências e tentativas de ataques registrados na Argentina, mas acrescentou que ainda se trabalha para aumentar a consciência das empresas em comunicar os incidentes, o que ajudaria numa evolução mais rápida.

O presidente da Associação Paraguaia de Companhias de Seguros, Antonio Vaccaro, afirmou que também falta uma cultura de cyber segurança em seu país, o que faz com que não haja produtos de seguro nesse tema. No campo da gestão, ele informou que existem iniciativas, mas incipientes, de regulação da tecnologia da informação das empresas seguradoras por parte do órgão regulador local. Já o diretor-executivo da Associação Uruguaia de Empresas de Seguros, Alejandro Veiroj, relatou uma situação parecida com a dos dois vizinhos, afirmando que o Uruguai ainda está muito atrás na questão de cyber segurança.