As cifras bilionárias pagas em indenizações por perdas de propriedades, ao lado dos custos de reposição crescentes decorrentes da alta da inflação, acenderam a luz amarela de alerta entre as seguradoras no mercado norte-americano no segmento residencial. Isso fez as companhias ampliarem o perímetro de exclusão ou contração para além das regiões tradicionais de risco.
O caso mais emblemático é da American International Group Inc (AIG). A seguradora não só passou a recusar novos negócios na Califórnia, como também decidiu reduzir as vendas de seguros para imóveis de capitais segurados elevados em inúmeros estados (Delaware, Flórida, Colorado, Montana), áreas que inicialmente não são de elevado risco. Entre consultores, esse comportamento da AIG pode virar uma tendência de mercado até que os atuais modelos preditivos das seguradoras sejam capazes de melhor quantificar as perdas geradas pelas mudanças climáticas.
Afinal, o aumento da temperatura global resulta em tempestades mais fortes, incêndios florestais, alagamentos, onda de calor etc. Ou seja, riscos sem precedentes, ao lado de altas substanciais nos preços das coberturas e gradual perda de capacidade dos segurados em arcar com o encarecimento dos prêmios de residencial.
Efeitos da retração do seguro residencial
Já é possível verificar uma retração na oferta de seguro residencial nos Estados Unidos, como resultado da combinação dos efeitos causados pelas mudanças climáticas e da alta dos custos de reposição das propriedades.
A saída das seguradoras privadas obriga estados a assumir riscos. Na Flórida, a Citizens Property Insurance, administrada pelo estado, criada em 2002, é hoje a maior seguradora de propriedades do estado, com 15% do mercado, de acordo com a Bloomberg Intelligence.
A Califórnia e a Louisiana também estão enfrentando grandes retiradas do setor privado, graças à intensificação das tempestades e incêndios florestais. Dessa forma, governos estaduais passam a oferecer subsídios ramos e modalidades que passam a conviver com contração de seguradoras privadas.

Fides Rio 2023
Os debates que envolvem as consequências dos extremos climáticos e suas grandes repercussões é um dos temas da 38ª. Conferência Hemisférica de Seguros, a Fides Rio 2023, dentro do eixo temático “Mudanças Climáticas: mitigação de riscos e desenvolvimento de novas soluções”. O evento internacional reunirá representantes de entidades de seguros privados de 20 países da América Latina, mais Estados Unidos e Espanha, no Rio de Janeiro, de 24 a 26 de setembro de 2023.