Biodiversidade é uma saída para aquecimento global

O Brasil pode se transformar na primeira potência global da biodiversidade, com produtos integrados da agricultura, pecuária e florestas. Esse novo foco para o agronegócio seria uma forma de driblar o aquecimento no planeta, cujas previsões são pouco otimistas, segundo o climatologista Carlos Nobre.

O especialista foi convidado do SeguroCast, podcast da CNseg, que tratou do impacto das mudanças climáticas no agronegócio e os reflexos disso para a indústria seguradora. Confira na íntegra o episódio.

Ainda que os países que firmaram o Acordo de Paris cumpram as metas para redução da emissão de gases do efeito estufa, pelos cálculos do climatologista um aumento de dois graus na temperatura mundial já seria desastroso para a produção agrícola, especialmente em nações equatoriais. “Grãos, como milho e soja, estariam comprometidos, mesmo com o avanço de tecnologias e melhoramento genético”, afirma.

Fides Rio 2023

Na Fides Rio 2023, evento internacional da indústria seguradora, que se realizará de 24 a 26 de setembro, no Rio de Janeiro, está entre os temas de debate as mudanças climáticas e seus impactos no segmento de seguros.

Diversificar para enfrentar mudanças

Para Carlos Nobre, uma solução seria diversificar os itens de consumo explorando a biodiversidade tropical, a exemplo que ocorre com o açaí da Amazônia, que hoje movimenta bilhões de dólares. “Cerca de 80% do que população mundial ingere apenas 13 tipos de alimentos, entre grãos e proteínas animais”, diz ele. “O Brasil tem grande capacidade para produtos mais resilientes e sustentáveis, com potencial econômico muito grande.”

Ainda de acordo com Nobre, o modelo misto de produtividade no meio rural é um caminho muito mais lucrativo, além proteger o meio ambiente. A lavoura combate a degradação da terra e ajuda na fertilidade das pastagens. As árvores nativas, por outro lado, oferecem aos animais um refúgio para escapar do calor. “Na pecuária extensiva, quando se tem sombra, o gado engorda 200 gramas a mais por dia e a produção de leite pode ser até a 20% maior”.