Os riscos e oportunidades para AL, segundo Luis Alberto Moreno

Ao declarar-se um otimista, “sem deixar de reconhecer luzes e sombras” na trajetória do Brasil e da América Latina diante de uma nova conjuntura política e econômica, Luis Alberto Moreno, ex-presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), reconheceu que a região enfrentará riscos e oportunidades e deverá manter o nível de alerta elevado para agir diante de eventos inesperados ou extraordinários. As incertezas multiplicam-se, em razão de transformações estruturais em andamento, disse ele, exigindo um olhar vigilante permanente das seguradoras. Moreno foi o terceiro palestrante internacional da Fides Rio 2023.

Entre as oportunidades, ele vê chances de países da região apropriarem-se do processo de relocalização das plantas industriais, considerando-a releitura da globalização por grandes nações. Isso,  após os gaps de insumo ocorridos durante a pandemia. Portanto, mais negócios para as seguradoras regionais.

A segurança ou transição energética e, principalmente, a quarta revolução industrial podem ser oportunidades ou riscos para os modelos de negócios em todo mundo.  “A América Latina não pode perder o trem da revolução digital”, adverte ele, sob o risco de submergir, se permanecer na venda de produtos primários.

Tensão geopolítica

É preciso ter no radar de riscos a impactante tensão geopolítica entre Estados Unidos e China, as duas maiores economias, tendo em vista as consequências graves no campo diplomático, comercial e até militar. Nesse sentido, a guerra da Ucrânia despertou uma corrida armamentista das nações europeias que também traz preocupação.

Nesse quadro, não será surpresa a aparição de novas potências econômicas. A Índia está marchando rapidamente para ser a terceira maior economia do planeta, favorecida por seu enorme contingente populacional, investimentos tecnológicos e avanço significativo na renda.

O baixo crescimento da região da América Latina é um fator de preocupação, diz ele, por ser insuficiente para gerar novos empregos e renda. “Não podemos continuar a conviver com uma taxa de crescimento tão ridícula”, disse ele, ao lembrar que a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) projeta uma expansão econômica anual abaixo de 2% em 2023 e 2024. O gap de proteção persistirá elevado num quadro de lento crescimento, mas há caminhos a serem explorados pelas seguradoras, como mais proteção a riscos climáticos, a obras de infraestrutura. O efeito da migração demográfica é outro ponto de atenção, assim como as desigualdades sociais, impondo restrições ao voo de mercado segurador, inicialmente.